quinta-feira, 5 de maio de 2011

"intermitências da vida"

Nascemos todos iguais: frutos de um desejo ou mero acaso, mas sob a mesma consequência – sobreviver e aprender a lidar com as circunstâncias externas que rapidamente nos são impostas, a partir de nós e em paralelo com toda uma massa populacional, a que normalmente chamamos família, amigos, ou outros indivíduos, com quem não mantemos qualquer tipo de elo ou ligação, também porque assim o destino o quis. Nascemos inocentes e sem qualquer noção de futuro ou de tempo próximo. Crescemos, aprendemos, e passado algum tempo há já dentro de nós uma força que nos puxa para satisfazer uma vontade própria, pela procura, pela preferência, pela aparência, sabendo que o segredo por detrás destas escolhas é sempre uma boa sedução. Ao longo desta fase de crescimento, somos predominantemente seduzidos pelo invulgar, pelo paranormal, pelo diferente, pelo perigoso e pelo arriscado que nos atraiem mais do que qualquer tipo de característica casual e que consegue criar dentro de nós um efeito ímpar e que nos leva a optar por rumos mais obscuros, deixando de lado o que mais nos distinguia, o que tínhamos de mais puro. Pois bem, essa é a grande fatalidade. No entanto, há sempre quem nos diga que fases como esta são passageiras, meramente efémeras e que muito ainda é aquilo que nos falta descobrir. Uma vez crescidos, amadurecidos, conhecedores e respeitadores de toda uma comunidade, encaramos agora com outros olhos o verdadeiro mundo exterior que já há muito nos esperava. Pobreza e miséria, violência e guerras, fome e epidemias. A sociedade está desde há um tempo condenada a termos como os que enunciei. Faz então parte de nós lutar pela diferença. Levar a união como uma resistência, e levar a resistência como solução. Aí, a solução é a união. Não é mais do que o maior dilema de sempre. Um dilema que leva cada um de nós, enquanto cidadãos cientes e conscientes, enquanto seres humanos racionais e sensíveis que somos, a pensar no que poderíamos ter feito. Mas não fizémos. E aí, aproxima-se um fim. Mas não é dramático. É do conhecimento de todos que tudo tem o seu oposto. Se nascemos, vamos morrer. E depois, morremos. Morremos iguais. Morremos que nem indigentes. Pobres de espírito, pobres de emoção, pobres e com falta de alguma realização. Só está nas tuas mãos, assim como está nas minhas, amar o próximo, estar em paz para connosco e zelar pela subsistência da nossa comum existência.

6 comentários:

Inês Oliveira disse...

um bom titulo (ou não) podia ser Intermitências da vida (ou da Morte, como dizia o mé'amigo Saramago)

Inês Oliveira disse...

o gosto é meu... como li o livro há pouco tempo o teu texto fez-me o recordar ...

Maria Inês disse...

AMEI AMEI AMEI, ESTÁ MESMO LINDO!

M. disse...

Quase Saramago...Mas olha que é mais da morte. A morte não é só o fim. E a morte diária, todos os dias. Sempre que não aproveitamos a vida... Cada dia é uma antecâmara da morte...Sendo isso é fácil evita-la...até ao fim:)




Gostei de te ler. Inteligência e reflexão:)

Mel disse...

sigo
segues me tambem?
gostei do blog ;)

Núria disse...

Gostei e segui (: